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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O tempo certo...

Para algumas coisas... o tempo é relativo...
Era uma daquelas tardes quentes, com sol a pino e o mundo vibrando a todo vapor.
Pessoas passavam pelas ruas correndo com seus afazeres teimando em brigar com o relógio que lhes consome os minutos das suas vidas em tarefas aparentemente infindáveis.
Seus olhos e seus ouvidos cheios de movimento, com cores de todos os tons e sons variados.
E apesar de todo este movimento em seu mundo tudo era oco... sem vida... pálido.
Ao chegar em casa revisitou cada objeto, as fotos da viagem que fizeram, sobre a escrivaninha os papeis e o roteiro da viagem que tanto planejaram nos dois últimos anos... conhecer a cidade natal de seus pais... num pais distante que jamais conheceram, mas que sabiam de detalhes contados por eles...
Em cada lugar da casa uma lembrança... as bicicletas encostadas na lavanderia... e as promessas de que este ano voltariam a pedalar juntos.
As roupas estendidas no varal, e o bilhete colado na geladeira com recomendações sobre como cuidar dos vestidos e das camisas...
Ao abrir a geladeira os congelados e o champagne que esperavam por uma oportunidade para serem postos a mesa.
Na sala sobre a estande os filmes da ultima temporada da serie que esperavam por uma oportunidade para serem vistos.
O carnê com as duas ultimas prestações, lembrou-lhe dos sonhos do carro novo.
Percebeu que em cada canto que passava os olhos encontrava um objeto ou uma lembrança de algo que havia sido programado.
Aos poucos aquilo que antes era oco se preenchia com uma lista infindável de coisas que precisavam e queriam fazer...
Chegou no ultimo aposento, o quarto... os perfumes e objetos carregados de imagens e movimento.
Abriu a porta do guarda roupa e as gavetas e escolheu a melhor lingerie... combinando demoradamente as peças...
Em meio a tantas caixas um sapato que nunca fora usado... e protegido por um plástico o lindo vestido preto com uma grande etiqueta colada...
PARA SER USADO EM UMA OCASIÃO MUITO ESPECIAL...
Sabia que era este...! Sim tinha que ser este...! Comprado em uma linda viagem aguardava ali... o momento mais especial da vida dela...
Tomou todos estes objetos colocando-os em uma caixa cuidadosamente arrumada para este fim...
Chamou um táxi.. e ligou para a sua irmã pedindo que o ajudasse...
Sentou-se na cama e refletiu profundamente sobre tudo que deixaram de fazer neste último ano porque achavam que ainda não era o momento...
Despertou de seus pensamentos apenas no primeiro toque do interfone que anunciava a chegada daquele que o levaria... ao encontro da sua amada...
Não sabe ao certo dizer quanto tempo durou este momento...limpou suas lagrimas e foi ao encontro dela... desejando que este dia nunca tivesse chegado... Sabia que teria que encontrar forças para deixar-lhe linda; como sempre fora; para o seu enterro....
José Carlos Froes
Como os assuntos estão relacionados resolvi colocar o vídeo abaixo... bom proveito...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Em pé de roseira não nasce cravo...


Em pé de roseira não nasce cravo
Este texto me chega às mãos por alguém muito especial...
Ele fala de posições.. e o quanto é importante assumir a nossa posição...

Tenho uma frase que nasce a partir de uma visão sistêmica dentro dos treinamentos que realizo e que já compartilhei varias vezes e entendo que ela cabe perfeitamente aqui:
“Se você ocupar um lugar que não é o seu, você nunca será o outro e tampouco a sombra de quem poderia ser”.

Demonstra também o quanto dói quando reconhecemos que estamos fora do nosso lugar, e contudo nos fica claro o quanto esta percepção pode ser ao mesmo tempo libertadora.

Meu desejo é de que este texto tão claro e ao mesmo tempo tão singelo possa toca-lo como me senti tocado.

Que ele oferece a possibilidade de reflexão sobre um tema tão profundo quanto é este.

Uma boa leitura e obrigado querida Lúcia pelo presente e pela possibilidade de postá-lo aqui em meu blog.

Parabéns pela dedicação no trabalho que vem fazendo de entender e perceber tudo isto.

Minha gratidão e respeito.

José Carlos Froes

Em pé de roseira não nasce cravo
Durante mais de vinte anos procurei ser um bom pai. Tendo como exemplo àquele que me deu a vida e me criou com amor, respeito, responsabilidade e autoridade, busquei desempenhar da melhor forma este papel.

Como um bom pai trabalhei muito para prover minha família em todas as necessidades materiais. Querendo o melhor usei a máscara de seriedade e, às vezes, uma afetividade contida como meios de estabelecer os limites, manter o “respeito”, marcar a autoridade...

“FOI MAL!”

Ficou assim como um sapato apertado, incomodando, calejando, doendo e tirando o foco do essencial...

E como não dava pra parar ia seguindo em frente, buscando nas festinhas de madrugada, checando as companhias e namoricos, me deparando e confrontando com ideias novas e desconfortáveis para meus padrões, tentando um jeito de aceitar sem tanto me impor. 

A difícil arte de educar, e bota dificuldade nisso ainda mais com o “calo” doendo!
Um dia eu finalmente entendi: Em pé de roseira não nasce cravo!
“DEMORÔ NÉ MÃE!”
Eu nasci MÃE, me esforcei para ser pai também, mas não nasci PAI

É assim: pra ser PAI tem que ter algo especial que só vem “de fábrica”, no gene, na alma, na missão...

Então mais do que nunca admiro, respeito e parabenizo os PAIS, a todos que dão vazão aos atributos que lhe são peculiares nesta tarefa tão nobre, a qual não pode ser imitada, nem realizada por qualquer pessoa.

Agora meu “calo” só dói um pouquinho, talvez pelos vícios destes longos anos, mas melhora assim que dou um abraço, ofereço um “colinho”... enfim sou só MÃE.


Maria Lúcia
São Paulo, agosto de 2013.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Reconhecer, elaborar e integrar... assim nós crescemos um pouco mais...



Passar pela dor....


Desde que comecei a trabalhar com pessoas, tenho me deparado com algumas frases que me chamam muito a atenção:
“Meu passado está morto e enterrado”
“Para isto eu não olho mais”
“Quero deixar meu passado lá... ele não tem lugar aqui”

Confesso que em alguns momentos lá atrás eu mesmo utilizei estas frases, mas a cada dia que passa, mais me convenço que de alguma forma elas são apenas uma maneira de nos mantermos conectados àquilo que não queremos mais.

Sim, pois com certeza de uma forma ou outra aquilo que ficou para trás permanecerá sempre atuando.

Jung (medico e psiquiatra suíço) em algumas de suas celebres frases reforça esta tese:
“O sofrimento precisa ser superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o.”
“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos”
“Tudo aquilo que não enfrentamos em vida acaba se tornando o nosso destino.”


Poderia também citar algumas frases de Freud (médico austríaco criador da psicanálise):
“É escusado sonhar que se bebe; quando a sede aperta, é preciso acordar para beber.”
“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que
lutaste.”

Veja que não é de hoje e nem minha apenas a visão de que quando passamos por nossas dores podemos aprender com elas.

Um questionamento que sempre vem à tona quando penso nas dores pelas quais passamos é:

Como podemos enterrar uma parte de nossa história?

 Ao fazermos isto não estaremos enterrando também uma parte daquilo que foi útil e produtivo...?
Nossa vida desde o momento em que nascemos se pauta pelas polaridades.


São elas que nos conduzem a uma forma de ser e pensar.


Portanto fica claro que só podemos reconhecer a luz quando passamos pelas sombras e que tão natural quanto o ar que respiramos serão as dores pelas quais passamos por esta vida, e uma tentativa de nos mantermos distantes delas é um movimento de pura ilusão.


Mas assim como um livro que nos recusamos a ler e mantemos trancados na gaveta os acontecimentos passados nunca serão completamente reconhecidos, elaborados e integrados enquanto não nos dispusermos a olha-los com clareza.


Seria ótimo que tivéssemos a possibilidade de uma borracha mágica que apagasse as lembranças ruins e mantivesse apenas as boas, mas veja que aqui o que temos é apenas um pensamento mágico, que nos liberta de forma completamente ilusória.

Sempre pergunto às pessoas com as quais trabalho a diferença entre ilusão e esperança, e as respostas muitas vezes convergem para um ponto onde percebemos que aquilo que os diferencia esta contido em uma única palavra: ação... 


Sem ação o que temos é apenas ilusão, e isto não nos liberta, pelo contrario apenas cria elementos que ao longo do tempo geram mais e mais sentimentos negativos, contribuindo para a o estabelecimento de padrões de comportamento negativos e uma baixa considerável em nossa autoestima e autoimagem.


Pode-se até pensar que então devemos permanecer sofrendo?

Não... Mas saber que em algum momento aquilo que não foi visto e trabalhado um dia volta à tona.


Outro fator importante é saber que o não para nosso cérebro nada mais é do que um estímulo para que permaneçamos olhando para algo, ou seja, é como quando alguém diz: Eu não quero olhar para isto.


Quando esta frase vem é sinal de que já estamos olhando para o fato.
Pode nos libertar de fato?  E de que?

Liberdade é algo está  ligado a uma sensação.... e quando entendemos como buscar esta sensação podemos buscá-la quando quisermos.
Desta forma podemos nos libertar de crenças e valores ultrapassados.

Uma metáfora que as vezes utilizo em meus treinamentos:
 
Um homem um dia estava no enterro de seu próprio filho e não conseguia derrubar uma lágrima sequer.
Todos os que estavam a sua volta olhavam para ele com extrema reserva, presos num julgamento enorme.
“Que homem frio”;  “Sem coração”; “Insensível”....
Agora imagine que pudéssemos voltar o filme de sua vida e voltar a uma época distante, lá na sua infância... quando nos deparamos com a seguinte cena...
Ele pequeno chorando e fazendo birra... (crianças fazem birra!)
Seu pai se aproxima, dá-lhe uma palmada e diz:
“Menino pare de chorar, você não vê que cada vez que você chora sua mãe morre um pouquinho..”
Ele para de chorar e segue sua vida desta maneira.
Quantas oportunidades este homem não perdeu? Por quantas vezes foi julgado?
E assim chegamos ao fatídico dia do enterro de seu filho...
Uma mensagem ficara gravada no seu intimo:
“Cada vez que você chora, você mata alguém que ama um pouquinho...”
Como chorar a morte de alguém, sem que alguém próximo e amado morra também? Difícil.
Mas imagine que agora ele saiba disto... Ai sim ele pode se libertar...
Entendendo que naquele momento a única coisa que seu pai queria era proteger sua mãe. Que tudo se tratava de amor.
Saber disto não retira nada do que foi dito, nem tampouco a dor da palmada, mas oferece um conhecimento sobre sua própria historia que é libertador.

A possibilidade de passarmos pelo trauma ou dor, isto sim pode ser libertador.


Portanto o importante é a disposição de olhar para as nossas questões mais difíceis e passar por elas, como já disse antes, reconhecer, elaborar e integrar, todo o conhecimento.

José Carlos Froes

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os pais são culpados que não tem culpa...

Os pais são culpados que não tem culpa...

Há anos venho proferindo esta frase dentro dos treinamentos que faço, e posso dizer com certeza que num primeiro contato às vezes o seu efeito é pequeno.
Porém na medida em que ela vai sendo repetida e vivida dentro de cada um seu efeito pode ser transformador.
Como seres humanos acabamos por criar conflitos que muitas vezes podem se tornar enormes ao longo do tempo.

Tenho verificado que na maioria das vezes estes conflitos acabam nascendo a partir daquilo que tomamos não como real, mas como ideal.

Às vezes este ideal talvez nem seja nosso, por vezes se expressando mais como um fardo do que como algo bom.

Esta é uma situação muito comum entre pais e filhos.
Nem sempre os nossos pais serão aqueles que projetamos e muito menos os nossos filhos e nem assim eles deixam de ser nossos pais e tampouco nós de sermos seus filhos.
Existem inúmeras exigências que vem da nossa própria família e as vezes nos submetemos a elas apenas pelo medo da exclusão.

Quantos filhos seguem a profissão, religião, ou até mesmo uma forma de pensar, sentir e viver dos seus pais apenas por este medo.

O medo de não pertencer acaba por fazer com que os caminhos seguidos nem sempre sejam aqueles que gostaríamos ou sentíssemos necessários.

Se isto acontece com os filhos em relação aos seus pais, sem duvida haverá um dia em que este caminho se tornara insustentável.

Ao mesmo tempo acontece um movimento por parte dos filhos que gera um desagravo em relação aos seus pais.

Todas as pessoas acabam por desenvolver o seu próprio senso critico, algo que acontece desde a nossa primeira infância e que ao mesmo tempo que é necessário e importante acaba sendo também extremamente cruel em relação não somente ao mundo e às pessoas que estão ao nosso redor mas principalmente os nossos pais.

O olhar para os pais se fragmenta, de um lado o olhar respeitoso que está relacionado ao sagrado na relação entre pais e filhos do outro aquele extremamente moral que julga a tudo e a todos segundo aquilo que seria importante para cada um de nós.

Este olhar moralista, entendendo aqui moral sobre um ponto de vista mais amplo, julga o ato de todas as pessoas as pessoas segundo os conceitos do certo e errado, belo e feio, bom e mau, e ninguém escapa, inclusive os nossos pais.
Temos além destes dois tipos de olhar um muitas vezes observado e que acaba sendo mais severo conosco e com o pai e a mãe.

O da obrigação, sustentado pelo respeito, que aqui surge mais como uma obrigação, contaminado pela moral extremada, fruto da nossa forma de olhar o mundo.

Desta forma este olhar singular acaba por gerar um distanciamento, pois de alguma maneira queremos deles algo que eles não podem nos oferecer.

Aquilo que está ligado ao que entendemos como ideal, que de certa forma exigimos dos outros acaba então por gerar uma pressão e uma tensão enorme em direção aos nossos pais.

O que às vezes não se entende é que eles já estão dando, assim como nós tudo aquilo que podem dar.

E nesta tentativa de ter do outro aquilo que ele não pode dar nos frustramos e sofremos, e este fenômeno acontece com qualquer pessoa a nossa volta, mas tem um impacto muito maior quando vai em direção a eles.

O vinculo acaba assim por potencializar a dor e o sofrimento, gerando seqüelas que um dia deverão de alguma forma serem levadas em conta, vistas, e quem sabe trabalhadas.

Este movimento acaba por influenciar não apenas o nosso relacionamento com eles (nossos pais), mas o de toda a família.

É muito comum que nesta hora se quebre a ordem e a hierarquia dentro da família, onde cada uma começa a assumir um lugar que não é o seu.

Basta que possamos agora imaginar um filho que acha (olhar distorcido) que seu pai ou mãe não está fazendo o que deveria, procurando então assumir uma postura de ação sobre cada um em separado e ou em conjunto.

Aqui cabe bem uma outra frase que percebo cada vez mais verdadeira:
“Se você tentar ocupar um lugar que não é o seu... você nunca será o outro e tampouco a sombra de quem você poderia ser...”

Imagine viver em uma condição onde você precisa provar a todo custo a alguém (consciente ou inconscientemente) que há outra saída que não a que vem sendo utilizada.

Dor, frustração e acima de tudo uma sensação de vazio.

Um processo que eu acho maravilhoso e que pode nos auxiliar muito neste sentido é o das constelações familiares, se quiser saber mais entre no link, e da próxima vez que você olhar para os seus pais leve isto em consideração.

José Carlos O. Froes

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pedra sobre pedra

Fazer a diferença...
Já ouvimos várias vezes esta frase, mas nem sempre nos damos conta de como podemos fazer a tal diferença.


Talvez uma das grandes dificuldades do ser humano seja a de perceber que para isto não precisamos de algo enorme.


As vezes ficamos pensando em algo grande e desta forma colocamos sem que percebamos uma série de impecilhos neste sentido.


Assim comparo as conquistas; você já percebeu que a grande maioria das pessoas fica pensando apenas nas grandes conquistas e se esquece de que na verdade a maior conquista de todas é apenas um conjunto de pequenas conquistas.

A muralha da China ou a Grande Muralha foi construida durante o período imperial e é considerada uma das novas sete maravilhas do mundo.


Calcula-se que mais de um milhão de homens tenham colaborado na sua construção e que a quantidade de material absorvido fosse suficiente para erguer mais de 120 pirâmides como a de Queóps.

E como alguém pode chegar a uma construção tão gigantesca?
A resposta:
Depositando uma pedra sobre a
outra...

Fico pensando em quantas vezes deixamos de valorizar as pequenas conquistas e pequenas ações e assim acabamos por menosprezar o que de bom estamos construindo.


Uma construção se dá a partir de pequenos movimentos, e as pequenas partes são aquelas que constituem o todo.

Se deixamos de valorizar o pequeno que estimativa teremos do grande?


Nas ações em nada isto é diferente, as vezes deixamos de valorizar pequenas ações e ficamos pensando nas grandes.


E o que são as grandes se não um conjunto de pequenas ações.

Então a pergunta que pode nortear uma forma de agir em relação ao mundo do qual fazemos parte é sempre:

Qual a pequena ação que posso fazer hoje que pode fazer a diferença?


As vezes um sorriso, uma palavra, um aceno...

Não importa o tamanho, importa mas o ato em si...


O ato em si pode mudar tudo.


Mesmo que em algum momento nos venha a dúvida em relação à uma pequena ação, ainda assim ela valerá a pena.

Você já leu em algum lugar que uma ação vale mais do que mil palavras e lá no fundo nós sabemos o quanto esta afirmação é verdadeira.


Portanto podemos tomar isto como um exercicio, e assim medirmos como é fazer diferença.


Desta forma faça a diferença sempre...

Há e este exercicio é pessoal e intransferível.


E saber que no final, além de fazer bem para a nossa alma, o todo se beneficia..


Experimente prestar atenção e se desafia a fazer a diferença...


Faça um exercicio assim hoje...
Um telefone, um sorriso, um aceno, uma palavra... lá dentro nós sabemos o que pode ser feito...
Uma construção... para um mundo melhor... pedra sobre pedra...


Boa construção...

José Carlos Froes

terça-feira, 7 de junho de 2011

Com quem você aprendeu a amarrar o seu sapato?

Já pensou nisto?

Para algumas pessoas já fiz esta pergunta e a resposta é sempre a mesma:
Sei lá, acho que com a minha mãe, ou meu pai!
E a resposta vem sempre seguida de uma pergunta?
Mas porquê você pergunta isto??
A minha resposta é sempre a mesma:
Você pode não saber, ou nem se lembrar, mas é certo que amarra os seus sapatos.
Normalmente quando pergunto isto quero relacionar este tema aos padrões de comportamento.
Não sabemos de onde ele vem, mas o fato é que ele atua.
Se pudermos saber a origem, tudo fica mais fácil.
E é muito comum que na maioria das vezes, assim como o ato de amarrar os sapatos que um padrão se instale na infância.
Por isto é sempre muito bom olharmos para a nossa familia, e para os nosso primeiros anos de vida.
Não que as respostas estejam todas lá, pois claro não podemos correr o risco de generalizarmos nada.
Mas é comum que encontremos respostas para alguns padrões.

Muito dos nossos medos e inseguranças nascem nesta fase e permanecem atuando durante toda nossa vida.

Tem um filme que eu gosto muito e indico a muitas pessoas para que possam refletir sobre isto:
Duas vidas (The Kid)- 2000 - Disney
Ele continua sempre atual... assista, ele pode ser bem enriquecedor...
Há, e da próxima vez que você for amarrar o seu calçado... reflita sobre isto.
José Carlos Froes

terça-feira, 19 de abril de 2011

A porta negra...

A criança e o medo...

Algumas coisas apavoram muito uma criança, e uma delas, explorada em muitas historias e filmes são os montros que vivem no seu imaginário.

Me lembro bem de uma cena de um filme de 1982, Poltergeist o Fenômeno, onde um palhaço no quarto de uma criança o arrastava para debaixo de sua cama.

Qual foi a criança que nunca teve medo de um monstro embaixo de sua cama...?

E a pergunta que fica é:
Quando é que uma criança perde o medo do monstro?

Quando ela olha para o seu medo.


Somente quando olhamos atentamente para aquilo que nos causa medo podemos vencê-lo.

Trazemos o nosso medo para o real.. tiramos ele do imaginário, colocando-o em nossa realidade.

O que é imaginado nos causa muito mais transtornos e confusões do que aquilo que é real.

Quantas vezes postergamos uma resposta por medo da reação do outro e nos entregamos assim a algo que talvez jamais venha a acontecer e sem que percebamos perdemos clientes, amigos, e até mesmo relacionamentos.

Muitas vezes é mais fácil ficar imaginando o que acontecerá e nos identificarmos assim apenas como os aspectos negativos.

A maioria das religiões e filosofias de vida já nos oferecem a muito tempo uma frase espetacular para a qual as vezes não nos atemos... e muitas vezes por este mesmo medo, e sem que venhamos a discutir a forma como é colocada podemos ficar com o conteúdo:
“ A verdade liberta”.

Muitas vezes esta verdade será dura e difícil de ser trabalhada, mas com ela conseguimos avançar nos relacionamentos.

Há uma metáfora com a qual as vezes trabalho que acho bem interessante e que quero agora compartilhar:

O Rei e a Porta Negra

Existia em uma região um Rei muito corajoso que era um grande conquistador e ao mesmo tempo muito polemico pelos seus atos.
Porem nunca permitira o assassinato daqueles cujo reino ele partia em busca de conquista.

Trazia todos os seus prisioneiros ao seu reino e os colocava frente a frente com uma decisão...

Ele os levava um a um ao porão do seu castelo e lá os posicionava no centro da sala, e então o Rei anunciava

- Eu vou dar uma chance para vocês. Olhem para o canto direito da sala.
Ao olharem, os prisioneiros viam os guerreiros mais valorosos do Rei com suas espadas empunhadas e prontos para ação.

- Agora, - continuava o Rei - Olhem para o canto esquerdo.
Ao olharem, todos os presos notavam que havia uma horrível Porta Negra de aspecto gigantesco.

Crânios humanos serviam como decoração e a maçaneta era a mão de um cadáver, toda manchada de sangue.


Algo horripilante só de imaginar, quanto mais de se ver.

O Rei se posicionava no centro da sala e gritava:

- Agora escolham : o que vocês querem ? Morrerem nas mãos destes valorosos guerreiros ou abrirem aquela Porta Negra e enfrentarem o que o destino os reserva? Agora decidam, vocês têm livre arbítrio, escolham....

Todos os prisioneiros tinham o mesmo comportamento: na hora da decisão, eles chegavam perto da horrível Porta Negra de mais de quatro metros de altura, olhavam para os desenhos de caveiras, sangue humano, esqueletos, aspecto infernal, coisas escritas do tipo: "Viva a Morte", além de outras citações relacionadas a morte..e decidiam:


" Prefiro continuar lutando...".

Um a um, todos agiam assim: olhavam para a Porta Negra e para os guerreiros e diziam para o Rei:

- Prefiro morrer lutando...".

Milhares optaram pela luta e pela morte..

Mas, um dia, a guerra acabou e passado algum tempo, um daqueles valorosos guerreiros estava varrendo a enorme sala quando eis que surge o Rei.
O soldado com toda reverência e meio sem jeito, perguntou:
- Sabes, ó grande Rei, eu sempre tive uma curiosidade, e peço que não se zangue com minha pergunta, mas... o que existe além daquela Porta Negra ?


O Rei respondeu :

- Para saber o que há por trás desta porta você deverá fazer a mesma escolha...

- Lembra que eu dava aos prisioneiros duas escolhas ? Pois bem, vá e abra a Porta Negra.

O guerreiro responde ao Rei..

-Meu Rei sou teu fiel súdito e nunca me recusei a um pedido teu... Mas abrir esta Porta me enche de medo...

Me bravo... sou teu Rei e muito embora eu pudesse mandar todos a morte inclusive você acredito que os homens dever ter o direito a uma escolha...

E não acredites em mim e nem tampouco na tua imaginação, acredites em ti... E somente assim poderás abrir esta porta.
Você já enfrentou muitas batalhas, venceu muitos inimigos, és forte e corajoso, e agora se dobrarás a esta Porta?

O guerreiro enchendo-se de força e coragem e mesmo assim trêmulo, virou cautelosamente a maçaneta e sentiu um raio puro de sol beijar o chão feio da enorme sala.

Abriu mais um pouquinho a porta e mais luz e um gostoso cheiro de verde inundaram o local.

O soldado notou que a Porta Negra abria para um caminho que apontava para a grande estrada. Foi aí que ele pode perceber:

A Porta Negra dava para a.... LIBERDADE !!!!!

O medo do desconhecido nos leva sempre para o mesmo fim...
Somente uma nova estrada nos leva a um novo local...
Há.. que tal olhar o quanto antes embaixo da sua cama... pode ser bom...

J. Carlos Froes

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O monge e o vendedor... Ausência e Presença...

O monge e o vendedor...

Esta parabola foi escrita por Bert Hellinger e sobre ela podemos refletir muito... como sempre acontece com os textos dele, minha sugestão é que você verifique ao final o que sente.

Esta parabola nos fala sobre a discussão entre um mestre e um vendedor.... o que ou quem representa cada um deles talvez seja o ponto de partida.... e depois a forma como cada um vê a vida e tudo mais que nos cerca.... como cada um sente e percebe o todo.

Espero que sua leitura seja produtiva.

J. Carlos Froes


Ausência e Presença (parábola por Bert Hellinger)


Um monge, saindo em busca do Absoluto,

Aproximou-se de um vendedor no mercado

E pediu-lhe comida.



O vendedor observou-o por um momento.

E, dando-lhe o que podia dar,

Perguntou-lhe:

“Como se explica que me peças

O de que precisas para sobreviver

E, mesmo assim, te permites achar a mim e

ao meu negócio.

Coisas insignificantes!

Em comparação contigo e com o que é teu?”


O monge respondeu:

“Em comparação com o Absoluto que procuro,

De fato, tudo o mais parece insignificante.”


O vendedor não ficou satisfeito

E fez outra pergunta:

“Se esse Absoluto existe,

Está além de nosso alcance.

Portanto, como ousar buscá-lo

Como se ele pudesse ser encontrado

No fim de uma longa estrada?

De que modo tomar posse dele

Ou pretender ter dele um quinhão maior?

Ao contrário, se esse Absoluto existe,

Como poderia alguém distanciar-se dele

E ficar excluído de sua vontade e zelo?”


O monge respondeu:

“Somente aqueles que podem despojar-se

De tudo o que lhes pertence

E, de boa vontade, esquecer o que está atado

Ao Aqui-e-Agora,

Alcançarão o Absoluto.”


Não convencido ainda,

O vendedor o pôs à prova com outro raciocínio:

“Presumindo que o Absoluto exista,

Ele deve estar perto de todos,

Embora oculto no aparente e no eterno,

Assim como a Ausência está escondida na Presença,

O Passado e o Futuro no Aqui-e-Agora.

Comparado ao que está Presente

E se nos afigura contingente e fugidio,

O Absoluto parece ilimitado no espaço e no tempo,

Como o Passado e o Futuro

Em comparação como o Aqui-e-Agora.

Mas o que está Ausente só se mostra no Presente,

Como o Passado e o Futuro só se mostram

No Aqui-e-Agora.

Como a Noite e a Morte,

O Absoluto encerra, oculto para nós,

Algo que ainda virá.

Há, porém, momentos em que,

Num piscar de olhos,

O Absoluto ilumina de súbito o Presente,

Como o relâmpago ilumina a noite.

Assim também o Absoluto se aproxima de nós

No atual Aqui

E ilumina o Agora.”


O monge, por seu turno,

Perguntou ao vendedor:

“Se o que dizes é verdade,

Que resta

Para nós dois?”


E o vendedor respondeu:

“Para nós ainda resta,

Mas por pouco tempo,

A Terra.”


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Permanecer ou não em meio a tempestade

Os ursos sempre voltam...

No inverno os ursos para se protegerem entram numa caverna, desaceleram, seu metabolismo cai e eles quase param...
Ficam ali.. Reunindo suas forças... E se protegendo.
Há um momento onde o recolhimento é importante.
Se protegem durante um bom tempo...
Vários animais vem até a entrada da caverna dos menores aos maiores... Alguns até mesmo zombam dele. E ele permanece ali no seu silencio.
Sabe que o tempo age ao seu favor.
Ele apenas observa...

Eles gritam...
Ei.. você não é o forte...? Onde está você?.. Por acaso tem medo...?
Muitos fazem isto...

O urso..?
Ele se mantém fiel ao seu propósito...
Ele se protege... Permanece ali... Quieto...
O tempo passa ele se protege...

E quando surgem os primeiros raios de sol, ele sente que a vida novamente lhe invade.

Agora o frio e o torpor dão lugar a vida...
O sol lhe aquece.. Derrete a neve que lhe congelava o espírito...

Ele ressurge... Novamente está presente..
Sai e dá um grande rugido para o mundo...
Ele sabe a hora de se recolher.. E reunir as suas forças..

E sabe também a hora de demonstrá-la...

Os outros se aproximam, mas agora, há respeito... Sua força traz este respeito!

As vezes devemos fazer como os ursos.. Dar uma paradinha e respirar um pouco.
Nos recolhermos aos nossos pensamentos, sentimentos e sensações mais profundas...

Sair um pouco do lugar comum, de tudo aquilo que é rotineiro, para poder olhar com muito mais profundidade para as coisas da nossa vida.

Às vezes o enfrentamento continuado da lugar a um vazio existencial, e assim nos sentimos fracos e sequer podemos medir o avanço ou retrocesso que temos ou tivemos.

A parada para uma analise mais profunda é saudável, as grande estrelas são geradas no caos, mas para observar o seu tamanho é necessário que se esteja fora, ou seja, no meio da tempestade somos parte dela.

Ser parte da tempestade o tempo todo desgasta, cansa, machuca demais, um lugar onde não há solução.

Mas com este processo devemos estar atentos para não cair na grande armadilha que é deixar de avançar.

Devemos constantemente sair do recolhimento e verificar o quanto nos encontramos fortes, e ai cabe bem o refrão de uma musica do Jota Quest que traduz isto de uma forma bem interessante:

“Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino,
Viver é uma arte um oficio, só que precisa cuidado,
Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício,
Porque o seu amor pode estar do seu lado.
O amor é o calor que aquece a alma.
O amor tem sabor pra quem bebe a sua água.”
Jota Quest

Se continuamos um movimento e permanecemos dentro deixamos de perceber muitas coisas, se paramos o movimento e ficamos na inércia o mesmo acontece, polarizamos.

Quando polarizamos algo ficamos num processo dicotômico que nos impede de crescer, onde somente existe o sim ou o não e nunca um talvez.

Entrar, sair, entrar novamente e sair novamente, assim seguimos um movimento natural.

J. Carlos Froes