segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O monge e o vendedor... Ausência e Presença...

O monge e o vendedor...

Esta parabola foi escrita por Bert Hellinger e sobre ela podemos refletir muito... como sempre acontece com os textos dele, minha sugestão é que você verifique ao final o que sente.

Esta parabola nos fala sobre a discussão entre um mestre e um vendedor.... o que ou quem representa cada um deles talvez seja o ponto de partida.... e depois a forma como cada um vê a vida e tudo mais que nos cerca.... como cada um sente e percebe o todo.

Espero que sua leitura seja produtiva.

J. Carlos Froes


Ausência e Presença (parábola por Bert Hellinger)


Um monge, saindo em busca do Absoluto,

Aproximou-se de um vendedor no mercado

E pediu-lhe comida.



O vendedor observou-o por um momento.

E, dando-lhe o que podia dar,

Perguntou-lhe:

“Como se explica que me peças

O de que precisas para sobreviver

E, mesmo assim, te permites achar a mim e

ao meu negócio.

Coisas insignificantes!

Em comparação contigo e com o que é teu?”


O monge respondeu:

“Em comparação com o Absoluto que procuro,

De fato, tudo o mais parece insignificante.”


O vendedor não ficou satisfeito

E fez outra pergunta:

“Se esse Absoluto existe,

Está além de nosso alcance.

Portanto, como ousar buscá-lo

Como se ele pudesse ser encontrado

No fim de uma longa estrada?

De que modo tomar posse dele

Ou pretender ter dele um quinhão maior?

Ao contrário, se esse Absoluto existe,

Como poderia alguém distanciar-se dele

E ficar excluído de sua vontade e zelo?”


O monge respondeu:

“Somente aqueles que podem despojar-se

De tudo o que lhes pertence

E, de boa vontade, esquecer o que está atado

Ao Aqui-e-Agora,

Alcançarão o Absoluto.”


Não convencido ainda,

O vendedor o pôs à prova com outro raciocínio:

“Presumindo que o Absoluto exista,

Ele deve estar perto de todos,

Embora oculto no aparente e no eterno,

Assim como a Ausência está escondida na Presença,

O Passado e o Futuro no Aqui-e-Agora.

Comparado ao que está Presente

E se nos afigura contingente e fugidio,

O Absoluto parece ilimitado no espaço e no tempo,

Como o Passado e o Futuro

Em comparação como o Aqui-e-Agora.

Mas o que está Ausente só se mostra no Presente,

Como o Passado e o Futuro só se mostram

No Aqui-e-Agora.

Como a Noite e a Morte,

O Absoluto encerra, oculto para nós,

Algo que ainda virá.

Há, porém, momentos em que,

Num piscar de olhos,

O Absoluto ilumina de súbito o Presente,

Como o relâmpago ilumina a noite.

Assim também o Absoluto se aproxima de nós

No atual Aqui

E ilumina o Agora.”


O monge, por seu turno,

Perguntou ao vendedor:

“Se o que dizes é verdade,

Que resta

Para nós dois?”


E o vendedor respondeu:

“Para nós ainda resta,

Mas por pouco tempo,

A Terra.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário